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terça-feira, 29 de julho de 2014

MONÓLOGO AO PÉ DO GALO

MONÓLOGO AO PÉ DO GALO

O galo Bonifácio já diz: "Bom dia!". Mas é cedo demais, galo, ou, para meus olhos, suculentos, apimentados e ensanguentados, é demasiadamente tarde. Um dia se passou muito rápido, galo. O tempo se amoleceu todo, derreteu, galo. Todos nós vimos à terra com barras de tempo contadas, numa precisão extraordinária, galo. A quentura é enlouquecedora, o espaço se desloca facilmente, sem mover sequer um dedo, Bonifácio. O tempo é velocista, maratonista, Bonifácio. Mas o tempo não existe. Coitados. Tolos. Brutos. Fingem bem ou absorvem mal, Bonifácio? O tempo foi moldado pelos dedos - perfeitos - das mãos do criador criacionista barbudo grisalho, meu galinho. Bendito sois vós entre os malditos e mal pensados 'wheymen'. Como são falhos os pais, a apostolicidade romana toma conta dos mal comportados, criados e ensinados. Agora, bem comportadas, ovelhas se vestem pomposamente, como deputados e ‘presidentas’: paletó e gravata; grandes saias. Pobres são aqueles que balem, meu querido galo.


Tudo é pecado, meu querido galo. Não pode, meu querido galo. É feio. É escroto. É alto demais. Ah, este aqui é melanina pura, impuro, meu amado galinho. Este cravo não gosta das rosas, nem deveria ter nascido. O quase homem, Deus, é Adolf, austríaco. Deus opina demais, seleciona demais, fala demais, pune demais! Ou será que não, meu amado galinho? Não se conta o tempo, não se mede, meu melhor amigo! Não se conta Deus, nem conta, nem mede, meu melhor amigo galinho Bonifácio. 

Tarcísio Feliciano de Araújo Neto. 19/10/2013

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